Ismael Gobbo igobi@uol.com.br
O “Dia de Finados”, comemorado no dia 2 de novembro, faz parte do calendário católico desde o século XIII.
Nessa data, além da liturgia própria nas igrejas, é intenso o movimento nos cemitérios onde multidões se empenham nas homenagens aos entes queridos que partiram desta para a outra vida.
No México a homenagem aos mortos, coincidente com as tradições católicas, começa no dia 1º. De origem indígena a chamada “Festa do Dia dos Mortos” se inscreve como atração turística e é comemorada com muita música, enfeites, comidas, bolos e doces. Verdadeiros piqueniques são realizados nas necrópoles onde os vivos em meio à festa aguardam a visita dos mortos.
Esse costume de reverenciar os mortos faz parte das tradições mais antigas.
Os egípcios dos faraós acreditavam na imortalidade da alma e nutriam a expectativa do seu retorno ao mesmo corpo.
Foi dessa crença na ressurreição que se especializaram no processo de mumificação dos cadáveres buscando mantê-los incólumes até a data do regresso.
As cerimônias fúnebres e de sepultamento no Antigo Egito demandavam extenso ritual e era costume se colocasse os pertences do morto nas tumbas, além de comidas, bebidas e os papiros multicores que registravam a história do morto e continham fórmulas que o ajudasse a enfrentar as diversas situações no além.
Basta o exemplo dos egípcios para vermos que os seus costumes milenares perduram até hoje com as variantes dos usos e costumes de cada povo.
No meio espírita , embora não haja um dia especifico para homenagear os mortos, essa pratica de respeito e consideração aos que partiram é diária. Em todas as atividades doutrinárias espíritas é regra orar-se pelos enfermos, pelos encarcerados, pelos desencarnados, pelos órfãos, pelos que não tem teto, etc.
Pela ótica espírita o fenômeno da desencarnação é visto como o retorno do alma à pátria verdadeira, ou seja, a pátria espiritual. Com isso, a morte física equivale ao inverso do que comumente se cultua.
Esclarece-nos o Espiritismo que, quando estamos no espaço, no habitat natural, gozamos de mais liberdade, nos locomovemos com mais facilidade, mantemos mais vivas as lembranças do passado, convivemos com aqueles que constituem a nossa família espiritual, muito mais numerosa que a família consangüínea, e, ao nascer no novo corpo, entramos em estado de esquecimento do passado; ficamos presos ao veiculo físico que nos impõe limites; sujeitamo-nos às enfermidades, à velhice e, por fim, experimentamos a “morte”, que, na realidade, equivale à vida, porque nos libertamos do cárcere temporário, do corpo físico, a ferramenta de trabalho do espírito na sua experiência reencarnatória.
Essa postura, todavia, não significa que os espíritas sejam avessos a visitação a cemitérios ou critiquem aqueles que o façam. Aliás, quando um espírita visita a cidade de Paris, dificilmente deixe de ir ao tumulo do codificador do Espiritismo, Allan Kardec, sepultado no famoso cemitério Pére Lachaise.
Em “O Livro dos Espíritos”, no capitulo VI- “ Da Vida Espírita”, o tema “Comemoração dos Mortos – Funerais”, é tratado com muita clareza. A resposta dos espíritos à pergunta 323 esclarece que “Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato intimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração”.
Assim, temos que respeitar aqueles que vão aos cemitérios, no dia finados ou em outro dia qualquer, porque assim o fazem por amor àqueles a quem querem bem.
Porém, como os espíritos esclarecem, o principal é o nosso bom pensamento e as preces que a eles endereçamos a qualquer momento e em qualquer lugar, com a consciência de que os “mortos” estão mais vivos do que nunca, mantém suas individualidades e estão sempre juntos de nós.
Aos saudosos irmãos desencarnados o nosso carinho com votos de muita paz!
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