Um Sublime Peregrino

"É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios." Bezerra de Menezes (Mensagem "Unificação", psicografia de Francisco Cândido Xavier - Reformador, agosto 2001)

sábado, 20 de novembro de 2010

A Espada de Dâmocles


Na pintura de Richard Westall, A Espada de Dâmocles, (1812)

Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Damocles-WestallPC20080120-8842A.jpg

Era uma vez um rei chamado Dionísio, monarca de Siracusa, a cidade mais rica da Sicília.

Vivia num palácio cheio de requintes e de belezas, atendido por uma criadagem sempre disposta a fazer-lhe as vontades.

Naturalmente, por ser rico e poderoso, muitos siracusanos invejavam-lhe a sorte. Dâmocles estava entre eles. Era dos melhores amigos de Dionísio e dizia-lhe frequentemente:

Que sorte a sua! Você tem tudo que se pode desejar. Só pode ser o homem mais feliz do mundo!

Dionísio foi ficando cansado de ouvir esse tipo de conversa.

Assim, certo dia propôs ao amigo a experiência de passar um dia, um dia apenas em seu lugar, como monarca, desfrutando de tudo aquilo.

Este aceitou imediatamente com alegria.

No dia seguinte, Dâmocles foi levado ao palácio e os criados reais lhe puseram na cabeça a coroa de ouro, e o trataram como rei.

Recostou-se em almofadas macias e sentiu-se o homem mais feliz do mundo.

Ah, isso é que é vida! - Confessou a Dionísio, que se encontrava sentado à mesa, na outra extremidade.

Nunca me diverti tanto.

Subitamente, Dâmocles enrijeceu-se todo. O sorriso fugiu-lhe dos lábios e o rosto empalideceu. Suas mãos estremeceram. Esqueceu-se da comida, do vinho, da música. Só queria ir embora dali, para bem longe do palácio, para onde quer que fosse.

Percebeu que pendia bem acima de sua cabeça uma espada, presa ao teto por um único fio de crina de cavalo. A lâmina brilhava, apontando diretamente para seus olhos.

Ficou paralisado, preso ao assento. Tentou levantar, mas não conseguiu, por medo de que a espada, com um movimento seu, pudesse lhe cair em cima.

O que foi, meu amigo? - Perguntou Dionísio. - Parece que você perdeu o apetite.

Essa espada! Essa espada! - Disse o outro, num sussurro. – Você não está vendo?

É claro que estou. Vejo-a todos os dias. Está sempre pendendo sobre minha cabeça e há sempre a possibilidade de alguém ou alguma coisa partir o fio.

Um dos meus conselheiros pode ficar enciumado do meu poder e tentar me matar. As pessoas podem espalhar mentiras a meu respeito, para jogar o povo contra mim. Pode ser que um reino vizinho envie um exército para tomar-me o trono.

Ou então, posso tomar uma decisão errônea que leve à minha derrocada. Quem quer ser líder precisa estar disposto a aceitar esses riscos. Eles vêm junto com o poder, percebe?

É claro que percebo! - Disse Dâmocles. Vejo agora que eu estava enganado e que você tem muitas coisas em que pensar além de sua riqueza e fama. Por favor, assuma o seu lugar e deixe-me voltar para a minha casa.

Até o fim de seus dias, Dâmocles não voltou a querer trocar de lugar com o rei, nem por um momento sequer.

* * *

Antes de deixar que a inveja cresça em nosso coração, lembremos da espada de Dâmocles.

Toda riqueza, todo poder, toda fama vem com uma série de decorrências naturais que devem ser consideradas.

Não nos deixemos consumir por esta luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita.

* * *

A inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do nosso globo. A caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males.

Redação do Momento Espírita, com base em lenda grega e trecho da Revista Espírita, de julho de 1858, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 16.11.2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Um Sublime Peregrino

Um Sublime Peregrino