Antonio Cesar Perri de Carvalho
Passados dois mil
anos da epopéia do Cristo, a sua mensagem se esparziu pelo mundo, mas
persistem sinais de incompreensão de seus ensinos e até aqueles que aguardam
e anunciam o seu retorno.
O Espiritismo se
assenta nas máximas morais do Cristo. Isso está claramente fundamentado na
obra inaugural O Livro dos Espíritos
e, na sequência, em uma obra específica de Allan Kardec: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Entre
os espíritas há esforço pelo aprimoramento moral e espiritual e por ações em
favor do próximo, como as tradicionais instituições assistenciais.
Em um mundo
complexo, há muitos progressos técnicos, tecnológicos, humanos e sociais, porém
ainda há contrastes chocantes e até muitas incertezas. Daí, até a expectativa
de uma solução mágica. Com certeza, vivemos os “sinais dos
tempos” preditos desde os apóstolos. Se há ou haverá cataclismos, esta
é uma ocorrência natural na evolução física de nosso planeta e matéria de
estudo da geologia, da meteorologia, ecologia, etc. Para a religião cabe a
missão de colaborar com o homem, com ações educativas e preventivas, para se
evitar as tragédias psíquicas, espirituais, ou seja, comportamentais.
Daí a razão que
Emmanuel, o Mentor Espiritual de Chico Xavier, ter anotado num de seus
primeiros livros: “Aproxima-se o momento em que se efetuará a aferição
de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de
um mundo novo...” Na mesma obra A Caminho da Luz, também comenta: “Hoje, como
outrora, na organização social em decadência, Jesus
avança no mundo, restaurando a esperança e a fraternidade, para que o
santuário do amor seja reconstituído em seus legítimos fundamentos”.
Com base nos
fundamentos do Cristianismo, a histórica obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, define o grande
objetivo: “[...] destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra
de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e
farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem
dissenções, mas tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua”. A
exclusão do orgulho e do egoísmo leva a importante conquista: “A pureza
do coração é inseparável da simplicidade e da humildade.” Essa é a
chave para o portal de uma nova Civilização!
A lei áurea
trazida pelo Cristo – de respeito e apoio ao próximo – deve ser a
fundamentação para uma nova sociedade: de respeito à vida nas suas várias
manifestações, de respeito ao próximo – nas relações interpessoais
– e na diversidade humana, e de respeito à Natureza. Num clima de
transições e de incertezas o homem deve se conscientizar de sua natureza
espiritual e das conseqüências práticas – individuais e sociais –
de se colocar como um espírito encarnado e que adota a mensagem cristã.
Na profícua
literatura mediúnica de Chico Xavier são evidentes as contribuições para o
melhor entendimento do homem, como ser espiritual, e para uma compreensão bem
expandida dos Evangelhos. Notável comentarista do Novo Testamento, o espírito
Emmanuel lembra que “[...] compete a nós outros, partidários do Mestre,
a posição de trabalhadores sinceros, chamados a servir e cooperar na obra
paciente e longa, mas definitiva e eterna, daquele a que o Pai ‘constituiu
herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo”. Muito importante que no
mesmo livro (Fonte Viva), o
autor espiritual alerta que: “Os homens esperam por Jesus e Jesus espera
igualmente pelos homens”.
Portanto, dois mil
anos antes dos momentos de transição a base para uma nova Era foi apresentada
pelo Cristo. Tudo indica que vivemos os estertores de um mundo de
desrespeitos, e que, mesmo em situações difíceis que podem se apresentar,
estas prenunciam o alvorecer de um novo dia para a Humanidade.
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O autor é
Secretário Geral do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita
Brasileira e diretor do Conselho Espírita Internacional. Foi presidente da
União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e dirigente de
instituições de Araçatuba.
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