Um Sublime Peregrino

"É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios." Bezerra de Menezes (Mensagem "Unificação", psicografia de Francisco Cândido Xavier - Reformador, agosto 2001)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A visão de Eurípedes Barsanulfo


Em face do aumento do materialismo e o surgimento de muitos seguimentos religiosos na Terra com uma aparente vivência cristã atravessamos um momento de gravidade.

Precisamos, então, mudar a maneira de viver os ensinos de Jesus em palavras, sentimentos e ações. Leiam a crônica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier do Espírito Hilário Silva no livro A Vida Escreve:

“Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade, em Sacramento, no Estado de Minhas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação. Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia...
Subia sempre.
Respirava outro ambiente. Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que reconheceu em campina verdejante.
Reparava na formosa paisagem, quando não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz. E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo.
Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista e ficou em silencio, incapaz de voltar ou seguir adiante. Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar...
Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quanto adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde. Viu, porém, que Jesus também chorava...
Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime...
Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, atiram-lhe incompreensão e sarcasmo...
Nessa linha de pensamento, não se conteve. Abriu a boca e falou suplicante:
- Senhor, por que choras?
O interpelado não respondeu. Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou:
- Choras pelos descrentes do mundo?
Enlevado, notou que o Cristo agora lhe respondia ao olhar. E, após um instante de atenção, respondeu em voz dulcíssima:
- Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor.
Choro por todos que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...

Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.
Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que resposta lhe trouxera, desceu, desceu... E acordou no corpo de carne.
Era madrugada. Levantou-se e não mais dormiu.
E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até a morte.”

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