ESTUDE A DOUTRINA ESPÍRITA
CONHEÇA O ESPIRITISMO
LEIA KARDEC PARA CONHECER JESUS VISITE O CENTRO ESPÍRITA
CARNAVAL
Áureo
Chegou a hora de um novo carnaval, mas este que vai começar agora não será como os outros. Desta vez, a festa da carne já não será tão caracterizada pelo disfarce das fantasias, com as quais as potências malignas sempre se esmeraram em camuflar e colorir os seus mais temíveis propósitos. As máscaras não são mais tão necessárias, nem mesmo desejáveis. Agora a nudez é a norma, com toda a sua agressiva desfaçatez. Não apenas a nudez de corpos frenéticos, a nudez da carne soberana e sem freios, mas sobretudo a nudez dos pensamentos que se descobrem, acintosamente, sem qualquer pudor, na ostensiva clareza das pretensões mais abjetas.
Neste fim de tempos, com a permissão divina, para a necessária triagem, que vai finalmente separar o joio do trigo, o mal dispensa as velhas armaduras e não teme mostrar-se na completa arrogância da sua fria crueza.
O crime não escolhe mais nem hora, nem meios, nem ambientes, nem vitimas.
A festa que se prenuncia é de carne, mas de carne sangrenta, sofrida e humilhada, de carne em processo de franca decomposição, ainda antes do processo da morte física.
A violência já armou o seu cenário no grande palco do mundo e a função não tardará a começar, Nos bastidores da realidade, já começou, e dentro em pouco a cortina das conveniências será rasgada, para que o drama vingue, infrene, em toda a sua arrasadora plenitude.
A subida dos infernos é como o levantar-se do lodo dos abismos, que tolda todas as águas, antes de cristalina aparência. Não se poderia, no entanto, purificar verdadeiramente os mananciais, sem que o lodo do fundo fosse antes trazido à superfície, para ser então coado.
Os espíritos prevenidos, que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, agirão como aquelas criaturas prudentes a que os Evangelhos se referem, ao invés de deixar-se arrastar pela correnteza das aluviões sem freio e sem rumo.
Depois das orgias e dos excessos, das violências e dos enganosos triunfos da força humana, virão as lágrimas redentoras e as penas merecidas, mas a noite se escoará, com todas as suas amarguras, nas claridades sublimes e definitivas da Nova Era Cristã.
É bem de ver que, para os discípulos leais a Jesus, as horas que se aproximem, tão ansiosamente aguardadas pelos gozadores e pelos velhacos, não serão de festa, mas de vigília, de jejum e de oração, de testemunhos de renúncia e de coragem.
Isso será, porém, altamente compensador, porque é vindo o momento anunciado em que os habitantes dos "vales" devem fugir para os "montes".
Em face da turbulência que se avizinha, nós vos almejamos muita paz ao coração. E enquanto os tambores, os clarins, as balas e os impropérios estiverem poluindo o ar da Terra, que haja no íntimo de nossas almas, a ecoar como música celeste, o som excelso das promessas de amor de Nosso pai.
(14.02.09)
Sem querer ditar regras de falsos purismos e cansativos sermões encharcados de ladainhas, não nos furtamos de comentar sobre mais um período momesco que se aproxima. Tradicionalmente, são três dias que antecedem à Quaresma [período de quarenta dias, que vai da Quarta-Feira de "Cinzas" até o Domingo de Páscoa, consoante preceito catolicista] que instalou-se com vigor descomunal em todo o País. Muitos crêem que as "cinzas" são o que sobra do "enterro da tristeza", em face dos três dias de "alegria", ou, ainda, tudo que sobrou do tal espetáculo. Em verdade, a única cinza que o cristão deveria encontrar seria aquela que representa a cremação do seu passado de erros, pulverizado por um presente de acertos e esforços no sentido do progresso real.
Carnaval é um termo oriundo de uma festa romana e egípcia em homenagem ao Deus Saturno, quando carros alegóricos (a cavalo) desfilavam com homens e mulheres. Eram os carrum navalis, daí a origem da palavra "carnaval". Há quem interprete a palavra conforme as primeiras sílabas das palavras da frase: carne nada vale. Como festa popular, poderia ser um acontecimento cultural plausível, não fossem os excessos cometidos em nome da alegria. Quando se pretende alcançar essa alegria, através do prazer desregrado e dos excessos de toda ordem, o resultado é a insatisfação íntima, o vazio interior provocado pelo desequilíbrio moral e espiritual. Portanto, não fossem os exageros, o Carnaval, como festa de integração sócio-racial, poderia tornar um acontecimento relativamente aceitável, até porque, não admitir isso é incorrer em erro de intolerância. Porém, merece reflexão a advertência de André Luiz: "Afastar-se de festas lamentáveis, como aquelas que assinalam a passagem do CARNAVAL, inclusive as que se destaquem pelos excessos de gula, desregramento ou manifestações exteriores espetaculares. A verdadeira alegria não foge da temperança." (1) (destacamos)
É o momento em que o espírito humano pode exteriorizar o que há de mais profundo, de mais primitivo em si mesmo. A ebulição momesca é evento que carrega, em si, a carga da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre nós, os encarnados, marcados pelas paixões do prazer violento. Costuma ser chamado de folia que vem do francês folle que significa loucura ou extravagância.
Já "foi um dia a comemoração dos povos guerreiros, festejando vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica, quando a festa se chamava bacanalia; na velha Roma dos césares, fortemente marcada pelo aspecto pagão, chamou-se saturnalia e, nessas ocasiões, imolava-se uma vítima humana." (2) Nos dias conturbados de hoje, sabe-se que "(...) de cada dez casais que caem juntos na folia, sete terminam a noite brigados (cenas de ciúme, etc.); que, desses mesmos dez casais, posteriormente, seis se transformam em adultério, cabendo uma média de três para os homens e três para as mulheres (por exemplo); que, de cada dez pessoas (homens e mulheres, no caso) no carnaval, pelo menos sete se submetem espontaneamente a coisas que normalmente abominam no seu dia a dia, como álcool, entorpecente, etc. Dizem, ainda, que tudo isso decorre do êxtase atingido na Grande Festa, quando o símbolo da liberdade, da igualdade, mas, também, da orgia e depravação, somadas ao abuso do álcool, levam as pessoas a se comportarem fora do seu normal (...)" (3) O Espírito Emmanuel adverte: "Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. (...) Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem."(4)
Quando nos damos aos exageros de toda sorte, as influências perniciosas se intensificam e, muitas vezes, deixamo-nos dominar por espíritos maléficos, ocasionando os infelizes fatos de todos os tipos de violências. Nesse cenário, os obsessores "influenciam, durante o Carnaval, os incautos que se deixam arrastar pelas paixões de Momo, impelindo-os a excessos lamentáveis, comuns por essa época do ano, e através dos quais eles próprios, os Espíritos, se locupletam de todos os gozas e desmandos materiais, valendo-se, para tanto, das vibrações viciadas e contaminadas de impurezas dos mesmos adeptos de Momo, aos quais se agarram." (5)
Portanto, além da companhia de encarnados, vincula-se a nós uma inumerável legião de seres invisíveis, recebendo deles boas e más influências a depender da faixa de sintonia em que nos encontremos. As tendências ao transtorno comportamental de cada um, e a correspondente impotência ou apatia em vencê-las, são qual imã que atrai os espíritos desequilibrados e fomentadores do descaso à dignidade humana, que, em suma, não existiriam se vivêssemos no firme propósito de educar as paixões instintivas que nos animalizam. Diante disso, Emmanuel ratifica a admoestação: "É lamentável que na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhes a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando- lhes as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza [CARNAVAL] entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos da civilização." (6) (destaque nosso)
Será válido fechar as portas dos centros espíritas nos dias de Carnaval, ou mudar o procedimento das reuniões? Existem alguns centros que fecham suas portas nos feriados do carnaval por vários motivos não razoáveis. Repensemos: uma pessoa com necessidades imediatas de atendimento fraterno, ou dos recursos espirituais urgentes em caso de obsessão, seria fraterno fazê-la esperar para ser atendida após as "cinzas", uma vez ocorrendo essa infelicidade em dia de feriado momesco? Convém lembrar que Jesus curava aos sábados, mesmo que o costume da época não permitisse. Por isso mesmo, Ele disse: "Por que não posso curar aos sábados se meu Pai trabalha sempre?". (7)
Os foliões inveterados alegam que o carnaval é um extravasador de tensões, liberando as energias... Todavia, no período carnavalesco, não encontramos diminuídas as taxas de agressividade e as neuroses. O que se vê é um verdadeiro somatório da violência urbana e de infelicidade familiar. As estatísticas registram como consequências do "reinado de Momo", por exemplo, gravidezes indesejadas e a consequente proliferação de abortos provocados, acidentes automobilísticos, aumento da criminalidade, estupros, suicídios, incremento do uso de diversas substâncias estupefacientes e de alcoólicos, assim como o surgimento de novos viciados, disseminação das doenças sexualmente transmissíveis (inclusive a AIDS) e as ulcerações morais, marcando, profundamente, certas almas desavisadas e imprevidentes.
Os três dias de folia, assim, poderão se transformar em três séculos de penosas reparações. É bom pensarmos um pouco nisto: o que o carnaval traz ao nosso Espírito? Alegria? Divertimento? Cultura? Será que o apelo de Momo faz de nós homens ou mulheres melhores? Edifica o nosso Espírito? Muitos espíritas, ingenuamente, julgam que a participação nas festas de Carnaval, tão do agrado dos brasileiros, nenhum mal acarreta à nossa integridade fisiopsicoespiritua l. No entanto, por detrás da aparente alegria e transitória felicidade, revela-se o verdadeiro atraso espiritual em que ainda vivemos, pela explosão de animalidade que ainda impera em nosso ser. É importante lembrá-los de que há muitas outras formas de diversão, recreação ou entretenimento disponíveis ao homem contemporâneo, alguns verdadeiros meios de alegria salutar e aprimoramento (individual e coletivo), para nossa escolha.
Não vemos, por fim, outro caminho que não seja o da "abstinência sincera dos folguedos", do controle das sensações e dos instintos, da canalização das energias, empregando o tempo de feriado do carnaval para a descoberta de si mesmo, o entrosamento com os familiares, o aprendizado através de livros e filmes instrutivos ou pela frequência a reuniões espíritas, eventos educacionais, culturais ou mesmo o descanso, já que o ritmo frenético do dia a dia exige, cada vez mais, preparo e estrutura físico-psicoló gica para os embates pela sobrevivência.
Em síntese, se o Carnaval é uma ameaça ao bem-estar social, nós espíritas temos muito a ver com ele, porque uma das tarefas primordiais de nossa Doutrina é a de lutar por dispositivos de preservação dos valores mais dignos da Sociedade, sem que se violente, obviamente, o direito soberano do livre-arbítrio de cada um, mas não nos esquecendo que no carnaval sempre ocorre obsessão (espiritual) como resultado da invigilância e dos desvios morais. Somente poderemos garantir a vitória do Espírito sobre a matéria, se fortalecermos a nossa fé, renovando-nos mentalmente, praticando o bem nos moldes dos códigos evangélicos, propostos por Jesus Cristo, e não esquecendo os divinos conselhos do Mestre: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca''(8)
E-Mail: jorgehessen@ gmail.com
Site: http://jorgehessen. net
FONTES:
(1) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo Espirito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, cap.37 "Perante As Fórmulas Sociais"
(2) Artigo publicado na Revista Visão Espírita - Março de 2000
(3) São José Carlos Augusto. Carnaval: Grande Festa...De enganos! , Artigo publicado na Revista Reformador/FEB- Fev 1983
(4) Xavier , Francisco Cândido. Sobre o Carnaval, mensagem ditada pelo Espírito Emmanuel, fonte: Revista Reformador, Publicação da FEB fevereiro/1987
(5) Pereira, Ivone. Devassando o Invisível, Rio de Janeiro: cap. V, edição da FEB, 1998
(6) idem
(7) João 5:17.
(8) Mt 26:41
Mara,
ResponderExcluirótimo texto do Hessen.
Esta visão eu acredito ser real, mas ainda na superficialidade. Porque?
Devemos primeiramente analizar o homem. Ainda em estado inferior de evolução, segue mais os instintos do que a razão. A vida, no seu dia-a-dia, o pressiona para ser racional, o que faz bem aos olhos do mundo. É nestes momentos que ele pode extravazar seus instintos ainda animalizados. É onde o bloqueio psicologico é liberado. O homem, carente de si mesmo, não é consciente ainda, a compreensão da realidade espiritual (mesmo que conheça) é apenas teórica. Mesmo entre os Espíritas, muitos ainda são inconscientes. Por mais errado, por mais calamitoso que seja, o homem que é inconsequente amplia suas dívidas morais, pelos exageros; mas é a vida lhes dando a chance, de pela dor, no futuro colher o que se plantou. Assim, percebemos que, mesmo num momento de ignorância, de perdição, o homem está semeando para colher amanhã, o seu aprendizado espiritual, a sua modificação e compreensão de si mesmo. Nada se perde, mesmo no Carnaval. A dor é que se ganha.
Minha amiga, desculpe escrever tanto!!
Um beijo em teu coração,
Jorge
Olá Amigo, não se desculpe, pois a maior beneficiada com seus comentários sou eu e acredito que muitas pessoas que lêem, pois só faz complementar me ajudando nessa tarefa tanto de divulgar quanto de aprender.
ResponderExcluirbjos no seu coração
Mara