Um Sublime Peregrino

"É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios." Bezerra de Menezes (Mensagem "Unificação", psicografia de Francisco Cândido Xavier - Reformador, agosto 2001)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Crises de convivência


Penso que nos dois últimos anos os espíritas têm faceado desafios acirrados na questão da convivência. Isto porque nunca até então chegaram tantas solicitações de auxílio ao Hospital Esperança quanto neste período.

A última foi há 5 dias, quando fomos eu, Modesta e Sílvio (estagiário do hospital) a uma casa espírita em cidade do Triângulo Mineiro, atendendo um pedido de seu dirigente espiritual.

Ao adentrarmos nela, percebemos logo que a serenidade que habitualmente reina nos centros cristãos equilibrados estava conturbada por vibrações contrárias à harmonia e à paz.

Uma turba de Espíritos infelizes cercava a instituição e só não tinha acesso pleno à mesma devido à vigilância do patrono espiritual que do Alto a apadrinhava, tendo enviado vigilantes especializados para a defesa do local.

Chegamos durante uma reunião de estudo doutrinário onde aproximadamente 15 confrades encarnados estavam presentes e facilmente notamos que a equipe estava dividida entre pontos de vista diferentes sobre determinado assunto da Codificação Kardequiana.

Olhei para a Modesta e gracejei:

-“Mais uma discordância de opinião que vigora em grupo, gerando antipatias que não se justificam”.

Modesta questionou:

-“Quando conseguiremos discordar sem melindres de relacionamento”? “Como conseguir conviver sem aceitar as diferenças”?

Pediu-me ela que fixasse a atenção em 2 companheiros que estavam à frente da atividade e registrei uma onda mental deletéria assediando a mente de ambos, sendo assimilada com naturalidade, sugestionando pensamentos de rivalidade, desejo de demonstrar mais conhecimento em público e aversão com incompatibilidade afetiva.

Solicitei ao dirigente espiritual da casa que fosse comigo e Modesta a algum cômodo reservado em nosso plano, convidando ainda Sílvio e 2 integrantes de sua confiança.

Oramos em conjunto em benefício dos confrades encarnados e aos poucos Modesta foi modificando os traços faciais, acentuando a tonalidade da voz e, incorporada, permitiu que um dos irmãos que à distância influenciava o grupo se manifestasse. A comunicação foi iniciada com uma risada sarcástica e o Espírito asseverou:

-“Não percam o tempo de vocês! Não nos é difícil sitiar a mente destes falsários que aqui freqüentam. São os sepulcros caiados por fora e cheios de podridão por dentro, conforme disse o Cordeiro. E o melhor para nós é que eles se sentem superiores, até infalíveis e nós só temos que alimentar a prepotência e a intolerância que trazem por dentro de si mesmos. Ah, se não fossem os pratos de sopa, a distribuição de roupas, alimentos e remédios e visitas a famílias carentes... Se até nós respeitamos o auxílio aos miseráveis, estas atividades trazem os Espíritos do Cordeiro e contra eles nada podemos. Mas contra estes que se acham Espíritos missionários na carne, a situação é outra...

Tendo o manifestante parado para respirar, argumentei:

-“Realmente, meu irmão, somos ainda frágeis no que se concerne aos exemplos que nos foram ofertados por Jesus, contudo sinceramente penso que temos mais coragem do que vocês. Já combatemos nossas mazelas íntimas e nos arrependemos dos constantes erros que perpetramos, buscando aprender com eles. Infelizmente, poucos somos os que já nos alertamos sobre a importância de admitirmos a nós mesmos e aos outros nossa indigência moral, pois assumimos frequentemente máscaras do que gostaríamos de ser, sem o sermos realmente. É a hipocrisia inconsciente agindo em nosso caráter. Todavia como conseguir o brilho do diamante sem trabalharmos continuamente as camadas escuras do carvão? Jesus não tem pressa e está conosco, mesmo tendo consciência de nossa infantilidade evolutiva. Disse que não veio ao mundo para curar os sãos e sim os enfermos e por isso não nos abandona”...

Neste instante, uma luz clareou o ambiente e se fragmentou, caindo sobre todos nós, gerando um inesperado gemido por parte do comunicante. Percebemos que o mesmo perdeu a agressividade, ficou em silêncio e desligou-se da médium, que logo se refez. A propósito, médium por aqui também incorpora, que não se assustem os donos da verdade da doutrina que esposamos.

Sílvio, espantado, exclamou:

-“Mas Dr. Inácio, tenho a impressão que os irmãos que atacam esta casa conhecem mais os confrades encarnados do que eles mesmos se conhecem”!

Respondi:

-“Certamente, meu amigo. Enquanto camuflarmos nosso verdadeiro mundo íntimo temendo o julgamento alheio, não nos conheceremos devidamente e nossas relações serão superficiais, abrindo campo para as enxertias psíquicas negativas”.

Modesta me fitou com seu jeito peculiar e arrematou:

-“Vamos Inácio. Mãos à obra, nosso trabalho aqui apenas se inicia. Analisemos a equipe e vejamos qual a melhor maneira de alertarmos os irmãos encarnados sobre a verdadeira situação que estão vivendo”.

Fomos então obter a ficha encarnatória de cada um dos trabalhadores da linha de frente, para depois retornarmos com um planejamento de auxílio, fato que tem se repetido com freqüência em inúmeras instituições espíritas na atualidade.

Inácio Ferreira – Reunião íntima – 19/08/2008

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