Um Sublime Peregrino

"É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios." Bezerra de Menezes (Mensagem "Unificação", psicografia de Francisco Cândido Xavier - Reformador, agosto 2001)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Reverso


Cada verso do sermão da montanha é um hino completo de exaltação a
quem se entrega a Deus e nEle confia.

*

A emotividade de Jesus desatou o poema das bem-aventuranças,
endereçando aos tempos do futuro as regras de ouro para a aquisição da
felicidade perfeita.

A síntese extraordinária chegou aos ouvidos da Humanidade como sendo
o mais completo discurso de esperança de que se tem notícia.

Toda uma eloquente dissertação, representativa das mais amplas
aspirações humanas, ali se encontra exarada.

Todos quantos passaram sob o judô da discriminação arbitrária,
sofrendo as chuvas de sarcasmos e desaires, encontram na poesia lírica do
Mestre o coroamento das suas lutas, se souberem conduzir os fardos das
provações que lhes pesam sobre os sentimentos.

*

Bem-aventurados são os mansos e os pacíficos, que atravessam o campo
de batalha sem revidar aos golpes da violência.

*

Bem-aventurados os pobres de espírito, que sabem reconhecer a
condição redentora em que se encontram e não disputam as vãs posições do
jogo perigoso da alucinação terrena.

*

Bem-aventurados os que se humilham por amor e submissão às leis, sem
permitir-se a indignidade nem a vulgarização moral às circunstâncias em que
se encontram.

*

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, não se rebelando
ante as condições ignominiosas que lhes são impostas no trânsito carnal.

*

Bem-aventurados os simples que se contentam com o ar, a paz e o pão
da vida, sem os caprichos das ilusões passageiras que ocultam a realidade e
não mudam o panorama íntimo.

*

Bem-aventurados os puros de intenções, que não têm maldades, nem
desconfianças, e caminham com entrega total a Deus, fiéis para sempre.

São bem-aventurados os que choram sem reclamação, os que sofrem sem
rebeldia...

*

Cada verso é um símbolo da vitória do bem no sofrimento e do triunfo da luz
na treva da ignorância.

Assim o disse Jesus.

*

Há, porém, o reverso, o que ficou subentendido e não foi enunciado.

O reverso é a aflição demorada que carpirão os orgulhosos e os
prepotentes ao darem-se conta da realidade, passada a rápida aventura do
corpo físico;

o desencanto e a amargura que assaltarão aqueles que se utilizaram
das leis, do poder e das circunstâncias para uso pessoal, enquanto as
necessidades e a sujeição os observam ansiosas, carentes;

indescritíveis serão o despertar das consciências e o compreender da
razão, por parte daqueles que viviam na fartura, saturados pelo prazer e
insatisfeitos diante dos excessos...

*

O Senhor jamais condenava, não se atribuindo qualidades de juiz, das
vidas, embora sendo o Educador e Magistrado por excelência, mantendo sempre
uma posição de superior bondade, na qual se encontram a sabedoria e a
misericórdia.

No entanto, aqueles que não estão catalogados no sermão da montanha,
são o reverso doloroso da carta magna que Ele endereçou à Humanidade.

*

Observa com cuidado de que lado te situas ante a canção das
bem-aventuranças; se estás no verso de luz e paz ou no reverso de sombra e
dor.

(De “Viver e Amar”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de
Ângelis)

Um comentário:

  1. Será que levei dois mil anos pra prestar atenção nisso? Ou será que ainda levarei mais algum tempo?
    Muito bom!

    ResponderExcluir

Um Sublime Peregrino

Um Sublime Peregrino