Um Sublime Peregrino

"É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios." Bezerra de Menezes (Mensagem "Unificação", psicografia de Francisco Cândido Xavier - Reformador, agosto 2001)

sábado, 30 de maio de 2009

O Centro Espírita


Olá meus irmãos, gostaria de usar este espaço para desabafar um pouco, sei que muitos amigos que aqui estão presentes e lendo o que escrevo, possam não entender as coisas que colocarei aqui. Trata-se de assunto delicado e que muitas vezes escondemos dos demais, por não querer mostrar as fraquezas que ainda nos assomam. Por isso peço a paciência e a compreensão de todos.
Frequento um grupo espírita há uns 15 anos, embora assídua em sua mesa de trabalho como médium nas reuniões de desobsessão, passista nas reuniões de doutrinária, não consigo ainda me sentir parte do grupo, me sinto muitas vezes mera visitante e como visitante, às vezes, tímida em opinar a respeito de certas decisões que a dirigente da casa anuncie. Muitas vezes, calo-me perante as injustiças e observo em muitos casos, a conivência em realção a falhas de alguns frequentadores tidos como colaboradores.
Um centro espírita é um grupo coordenado por várias pessoas,que devem pautar sua conduta nos preceitos do Evangelho do Sublime Peregrino. A pessoa que o dirige deve está sempre orando e vigiando para não ser instrumento da maldade de espíritos infelizes e meus irmãos podem ter certeza que somos realmente atingidos por eles. Qualquer acontecimento que leve ao desequilíbrio, leva, também, a vitória dos espíritos que desejam nosso fracasso no trabalho em grupo. Viver em comunidade não é fácil, e podem ter certeza, é muito mais dificil quando é dentro do Espiritismo, porque somos chamados a toda hora ao exercício da lição.
E o que fazer meus amigos se este dirigente tem mais de 76 anos e já está na casa a mais de 40 anos? e percebemos que seu trabalho muitas vezes afastam as pessoas que ali aportam desejos de uma palavra de carinho, de um olhar fraterno ou mesmo de um conselho amigo? O que fazer se olhamos para todos os cantos e não percebemos uma pessoa preparada para assumir a cabeceira da mesa, já que faltou durante este tempo preparar um substítuto, mas, também sei que a espiritualidade não nos deixarão órfãos no momento preciso, mas me sinto angustiada quando vejo que a companheira de jornada está senil e fazendo coisas que afastam frequentadores que ainda não estão preparados na Seara do Senhor para perdoar e perceber que ela pertence a uma geração onde o rigor fazia parte da sua conduta e criação. A conduta desta companheira está deixando de fora cooperadores, que de boa vontade vem trabalhar, mas que ela poda por achar que eles ainda não estão preparados para o trabalho, e assim estes amigos se sentem ofendidos e magoados, em outros casos, falta o carinho em falar com o frequentador que pela primeira vez chega a nossa casa, e por não estar a par das normas e condutas são recriminados como crianças, por vezes, este frequentador nunca mais volta.
Não estou aqui meus amigos para julgar a conduta da companheira, apenas estou querendo entender e procurando solução para um problema visivel por todos que ali frequentam, mas não temos a coragem suficiente de afastá-la dos trabalhos, apesar de tentarmos falar com ela, mas percebemos que a senilidade é um véu que cobre o raciocinio e deixa a pessoa um pouco intransigente. Alguém me disse que faltamos com a caridade deixando-a fazer o que quer, e me pergunto, qual a maior falta de caridade, deixar ou retirar uma pessoa que dedicou por anos ao trabalho da casa? e que contribuiu muito para que esta casa Espírita que tem 73 anos de existência ainda permaneça com suas portas abertas.
J. Herculano Pires nos alerta que: Há pessoas que, por se sentirem mais fortes, decisivas e poderosas que as outras, embriagam-se com a ilusão do poder, desrespeitando os direitos alheios e sobrepondo-se, com rompança às opiniões dos outros. Atitudes dessa natureza, no meio espírita e no Centro, causam má impressão e constrangimento no ambiente, fomentado malquerenças desnecessárias. Em se tratando de Espiritismo, tudo se deve fazer para manter-se um ambiente de compreensão e fraternidade, sem exageros, tocado o quanto possível de alegria e camaradagem.
(...)
A disciplina autoritária e rígida teve a sua função na disciplina dos povos bárbaros após a queda do Império romano. Essa coerção prosseguiu pelos tempos sombrios do Medievalismo. Mas a era da Razão, que surgiu da noite medieval, reivindicou os direitos individuais do homem, na linha ateniense do esclarecimento cultural.
A rotina dos trabalhos do Centro, a monotonia das doutrinações exaustivas, a repetição dos ensinos que chegam a parecer inúteis, a insistência das obsessões agressivas, a inquietação dos que se afastam em busca do socorro ilusório de ciências psíquicas ainda informes e retornam desiludidos e cansados – todo esse ritornelo atordoante pode desanimar os que lutam contra a voragem das trevas. Mas é preciso resistir e continuar, é necessário enfrentar a ignorância petulante dos sábios que ainda não aprenderam a lição socrática da humildade intelectual, do sábio que só é sábio quando sabe que nada sabe.
(...)
O Centro Espírita é a cruz da paciência que Jesus nos deixou como herança do seu martírio. Ele nos livra da cruz que o Mestre enfrentou entre ladrões, salvando, morrendo com eles para salvá-los – um através da conformação difícil da dor, outro através da revolta e da indignação que levam ao arrependimento e à reparação.
Não lidamos com soldados e guerreiros, mas com doentes da alma. Nossa disciplina não deve ser exógena, imposta de fora pela violência, mas a do coração. Tem de ser a disciplina endógena, que nasce da consciência lentamente esclarecida aos chamados de Deus em nossa acústica da alma.

Muita paz para todos

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